Oisive jeunesse
À tout asservie;
Par délicatesse
J' ai perdu ma vie.
Arthur Rimbaud; Chanson de la Plus Haute Tour
atino em eufórica
sensação de escombro:
mais importante que ser feliz
é estar vivo!
Rodrigo Madeira; lanterneiro
para i. v.
Réplica de Walter
Benjamin,
sem poder cruzar as
fronteiriças regiões
psíquicas,
em ágil e inesperado
movimento,
você deslocou a
vida para fora de si.
Restou o nó na garganta,
os pés no vazio,
desfraldado um pavilhão
do desperdício.
Retorna o sol manso
de inverno,
aquecendo outra
manhã de segunda
(só você não viu?)
de rotinas sonâmbulas,
da coletiva
hipnose vendida por
oneroso suor
pela indústria da mídia.
E suas carnes não mais ninho
de ávidos amantes,
nem seus ouvidos para
only
rock and roll
but we
like,
nem seu paladar
a saborear colheres
de chocolate com amêndoa,
ou lúpulo fermentado.
Nem o colo
inestimável,
imprescindível
para suas meninas
(suas meninas, meu derradeiro
argumento)
Só o monstro do Real
agora lhe devora.
Restei, com essa cara
de panaca
que me olha do
lado do mundo de Alice
e um ar tão denso
quanto um derramamento
de óleo no Golfo.
Não bebi do mesmo
copo para medir
as perspectivas da escolha
porém, você também
não bebeu
do copo dos que,
no dia seguinte,
foram convertidos a
meras estátuas de sal,
sem filha,
sem mãe,
sem irmã,
nem amiga,
nem amante.
Se, igual ao torna lar e
ambidestro na Arte,
próximo à rocha
onde os rios ecoam,
consagradas oferendas
ao cavado fosso,
invocada licença
aos guardiões do Érebo,
pudesse ver sua ânima,
estaria você mais sábia?
Ricardo Pozzo
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