sexta-feira, 30 de maio de 2014

com essa fome mordemos o rabo
girando amarrados na propria carne
osso contra dente dente contra osso
assim apodrecemos sob o sol de satã
sob o vazio cheio de todas essas ruas
sob o signo frio sob a loucura do metal
aqui não era o lugar das matanças
ali tambem não era o lugar das sangrias
nem entre nos mas deixamos assim
somos agora o deus da carnificina
girando louco e doente devorando tudo
como se todos fossem gelatina
coisas de morango com cerejas
boiando no sangue todo com vinagre
amargos com a fome dessas tristezas
depois o sono o sono entorpecido
isso de esquecer e deixar passar

mortos e acordamos bem no leviatã

Alberto Lins Caldas

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