sexta-feira, 30 de maio de 2014

CALHANDRA NA TELHA


(Para José María Arguedas)

Musicar uma poesia
Em louvor ao Andes
Até o pássaro condor
Pousar no meu indicador
A dor do som da flauta
A descortinar abismos
O vento a sacudir
A manta da menina quéchua
De olhos cor de selva
Banhada de chuva
No beiral de uma cabana ocre
De janelas negras
E jardim de cactus
Pousará a calhandra
A mesma que guiava o menino
Pelas ruas de Cuzco
Pelas pontes incaicas
Pela sombra do pai


Bárbara Lia 
- Cigarras no Apocalipse (21 gramas)

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