sexta-feira, 23 de maio de 2014

O QUE DIZEM OS GIRASSÓIS SOBRE A MORTE


Eles vestiram
suas roupas sujas
e saíram de casa
e suas mãos
se desmanchando
em linhas de sangue
borraram a lã dos cordeiros
e as amendoeiras.
Nossas tias lamentavam a lua,
o tapete que teciam,
a voz de esmeralda
da menina caída no poço.
Eles não sabiam,
mas estávamos lá.
Bebemos em silêncio
o sêmen ainda quente do morto.

Micheliny Mimi Verunschk

Poema publicado na revista Coyote #6
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