Meu amado Mestre e Amigo Olinto Simões cada
dia colhemos os frutos que plantamos alguns defendem essa tese como outras
tantas que existem por aí...
Meu pai o seu "Ernesto" sempre me perguntava nos
domingos em que eu ia almoçar com ele e com o restante da família com o seu ar
debochado e brincalhão quando de bom humor: "Quantos bichos tu levou pra
casa essa semana minha filha?"
Dependia muito da sincronicidade entre eu e o cão ou o gato
encontrado nas encruzilhadas e buracos à beira do meu caminho e eu resgatava
muitos que ficavam, alguns fugiam, e outros por não se adequarem aos espaços e
aos meus hábitos precisavam de um novo lar.
E muitas vezes Olinto nós fazemos isso com as pessoas que
surgem nos nossos caminhos.
Algumas permanecerão em nossas vidas pela vida inteira...
outras só ficam para um café... algumas ficam enquanto pudermos lhes dar tudo
de nós mas com um pequeno detalhe... somente o que lhes apetecer ter de nós...
e às vezes meu querido acreditamos inocentemente mesmo quanto já "passamos
a ilha de Cabo Verde" há tempos e de repente nos deparamos diante de um
espelho vendo nosso reflexo com um nariz vermelho e orelhas de burro e nem
percebemos o momento em que os colocamos em nós.
Neste ponto volto ao princípio para refletir sobre o fato de
colher o que se plantou por que colhemos bananas se passamos boa parte
plantando uvas?
Há momentos que dá uma vontade danada de pegar a vassoura
posta de cabeça para cima atrás da porta e fazer uma varredura sem piedade e
por porta afora tudo o que está no meio do chão que andamos pisando sem nenhum
espaço para os nossos próprios pés.
Mas nós mesmos somos culpados por dar à alguns "livre
passe" e até mesmo "carta branca" para decidirem por nós.
É aquela história de entrar nos buracos por que decidimos
entrar não porque nos forçaram a tal atitude e fatalmente acontece... quando
percebemos Olinto do meu core estamos sós no maldito buraco e lá começamos a
definhar até que o buraco silencie definitivamente e lá somos sepultados vivos.
Tenho pensado no seu afastamento e muitas vezes pensei com
os meus botões "certo o Olinto pois finalmente está vivendo somente a sua
vida e deixando de lado coisas que não lhe pertencem.
Não vou mais me alongar pois alguém irá reclamar de
prolixidade.
Deixo pra ti um poema meu escrito há um tempo.
DECISÃO
Hoje foi um dia que quero
esquecer rapidamente...
Me vi em meio a confusão
de pensamentos...
Palavras...
Gestos que deveriam
ter ficado inertes
guardados e sem ação...
Fiquei vazia de mim mesma...
Na ânsia de acordar
desse sono maligno
que açoitou minh'alma...
Me vi perdida...
Sem minha fé...
Sem meu amor próprio...
Sem esperança no hoje
muito menos no amanhã...
Até mesmo o meu eu
perdeu-se no tempo...
Na madrugada fria
decidi não mais aceitar
o desdém e o pouco caso
dos meus sentimentos...
Estou indo embora
e decidi não mais
voltar ou
olhar para trás.
Cirlei Fajardo