quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Memórias




Memória, bloco de gelo imersa no tempo...
Concretudes embalsamadas, abraçadas ao vento!
À noite arremessada pela Lua num céu em desalento,
de dia, assoprada como bolinhas de sabão ao relento.

Um tempo abstraído do cimento cortante,
perdido nas escadarias do cotidiano cinzento...

Me abstraio do tempo e entro em comunhão com a solidão,
danço um solo na escada do tempo
em seus cantos cheios de excrementos,
sou assistida por insetos solitários, perdidos em seus intentos,
dou uma pirueta e volto para os meus aposentos.

Cruzo essas intensidades e me deixo ser,
como pingos da chuva, que começam a escorrer
na lama da preguiça e do prazer...
Atravesso séculos, num voo infinito do renascer.

Sou dona do meu tempo e faço a vida girar,
de salto alto e vestido longo atravesso o bravio mar,
assisto Maria Callas com violinos aos soluços,

sofro açoites do tempo e busco novos percursos.


The end


Luiza Silva Oliveira           19 de agosto de 2011

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