(De Mara Paulina Arruda)
Esta é uma velha história:
Certa vez morei num bairro
chamado Galiléia perto do centro da cidade. Até que era bom lá, mas o problema
é que toda noite tinha um anjo tocando no condomínio e não adiantava falar com
o síndico! Junto com esse anjo tinha um menino chamado Jesus que tinha um
cabelão cheio de piolhos, vestia-se com camisetas emblemáticas e calça maior do
que ele. O guri vivia falando em pescar e dividir os peixes. Por pura farra
molhava a entrada do prédio e queria com seu skate voar. E não parava enquanto
não irritava o síndico que cansado de chamar a atenção dele, no fim, tinha
vontade de esganá-lo.
Aquele menino se achava um
deus... Ele tinha uns amigos muito estranhos: Matheus, Thiago, Judas e uma
menina sem graça chamada Maria Madalena que entravam no prédio de tarde e
escutavam rock até altas horas da noite.
Jesus inventou de levar Judas pra
lá e pra cá até convencê-lo a fazer a matrícula numa escola do bairro. Com essa
idéia, fatal para o grupo, Jesus teve que administrar separações, discussões e
outras rebeldias pois todos queriam responder as perguntas: Que tipo de
caminho, de verdade e de vida é possível?
Você vai me perguntar, esse
menino não tinha família?
Olha, o José, chefe da família,
homem de boa paz estava sempre na marcenaria e não via as poucas e boas que
Jesus aprontava. E Maria, vivia muito ocupada com as faxinas que fazia nas
casas das madames. Sabe como é que é: a vida desde tempos remotos não é fácil
pra ninguém. Ela aconselhava Jesus; Jesus concordava, mas quando Maria dobrava
a esquina Jesus desandava a passar torpedo pra turma se encontrar.
Jesus como todo adolescente teve
dias bons e dias ruins. E cresceu. Com 23 anos passou no vestibular de
filosofia. Foi com ele que o título deste conto se deu.
(Enxerto de frases de Guto
Fagundes, 2012)
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