terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Em que ciência você se baseia para acreditar no amor?



(De Mara Paulina Arruda)

Esta é uma velha história:
Certa vez morei num bairro chamado Galiléia perto do centro da cidade. Até que era bom lá, mas o problema é que toda noite tinha um anjo tocando no condomínio e não adiantava falar com o síndico! Junto com esse anjo tinha um menino chamado Jesus que tinha um cabelão cheio de piolhos, vestia-se com camisetas emblemáticas e calça maior do que ele. O guri vivia falando em pescar e dividir os peixes. Por pura farra molhava a entrada do prédio e queria com seu skate voar. E não parava enquanto não irritava o síndico que cansado de chamar a atenção dele, no fim, tinha vontade de esganá-lo.
Aquele menino se achava um deus... Ele tinha uns amigos muito estranhos: Matheus, Thiago, Judas e uma menina sem graça chamada Maria Madalena que entravam no prédio de tarde e escutavam rock até altas horas da noite.
Jesus inventou de levar Judas pra lá e pra cá até convencê-lo a fazer a matrícula numa escola do bairro. Com essa idéia, fatal para o grupo, Jesus teve que administrar separações, discussões e outras rebeldias pois todos queriam responder as perguntas: Que tipo de caminho, de verdade e de vida é possível?
Você vai me perguntar, esse menino não tinha família?
Olha, o José, chefe da família, homem de boa paz estava sempre na marcenaria e não via as poucas e boas que Jesus aprontava. E Maria, vivia muito ocupada com as faxinas que fazia nas casas das madames. Sabe como é que é: a vida desde tempos remotos não é fácil pra ninguém. Ela aconselhava Jesus; Jesus concordava, mas quando Maria dobrava a esquina Jesus desandava a passar torpedo pra turma se encontrar.
Jesus como todo adolescente teve dias bons e dias ruins. E cresceu. Com 23 anos passou no vestibular de filosofia. Foi com ele que o título deste conto se deu.

(Enxerto de frases de Guto Fagundes, 2012)

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