Muitos dos avós tinham o hábito de passar pimenta em nossas
bocas quando falávamos palavrões, dávamos alguma resposta malcriada, ou roíamos
as unhas. Esta atitude tem a raiz numa Lenda Urbana, pouco conhecida, chamada
Maria Pimenta, que leremos abaixo:
Há muitos anos atrás, numa vila antiga de Portugal, existia
uma moça chamada Sílvia Pimenta que era: rica, bonita, bem casada e delicada,
pois não gostava de falar palavrões. Devido as qualidades citadas, esta mulher
era muito invejada. Por isto, ela pegava gripe apenas com um simples
mau-olhado. Assim, uma bruxa conhecida da família, aconselhou Sílvia a ter
sempre uma pimenteira no jardim de entrada da casa justamente para evitar as
forças negativas que vinham da inveja. Deste jeito a dama seguiu o conselho da
feiticeira.
Mas, Sílvia tinha um
outro problema: ela não conseguia engravidar. Então, a moça procurou a mesma
bruxa, no meio da floresta, que disse-lhe:
- Se você quiser engravidar, basta arrancar o coração de uma
cabra preta prenha e enterrá-lo embaixo de uma pimenteira.
Desta maneira, Sílvia mandou um de seus empregados matar o
animal e, depois, ela seguiu as dicas da feiticeira.
Alguns dias depois, a dama descobriu que estava grávida e
nove meses após a descoberta, ela deu à luz a uma menina ruiva que ganhou o
nome de Maria.
O tempo passou e esta garota chegou à adolescência com uma
personalidade tímida, moralista, puritana e mal-humorada. Afinal, ela agredia
seus primos e conhecidos toda a vez que eles falavam palavrões, ou, roíam as
unhas. Sem falar que esta menina adotou o hábito de apenas vestir roupas
vermelhas.
Anos se passaram e Maria Pimenta tornou-se uma idosa
rabugenta. Ela chegou ao cúmulo de passar pimenta na boca das crianças que
falavam palavrões e, também, colocar pimenta embaixo das unhas de quem roia
estas partes córneas que revestem as pontas dos dedos.
Um dia, esta velhinha estava correndo atrás de um garoto que
tinha falado um palavrão, quando, de repente ela teve um acidente vascular
cerebral e morreu.
Algum tempo depois, chegou uma nova família nesta vila:
Sandra, Joaquim e seus dois filhos: Pedro e Paulo. Então, os meninos foram
brincar no novo lugar e entraram na casa, onde Maria Pimenta morou. No meio da
brincadeira Pedro começou a falar palavrões e Paulo a roer unhas. De repente,
uma idosa com uma pimenta nas mãos disse às crianças:
- Eu sou Maria Pimenta e como você, Pedro, disse coisas
feias, vou colocar pimenta em sua boca!
- E quanto a você Paulo: colocarei pimenta debaixo das suas
unhas para você nunca mais roê-las!
A senhora cumpriu o que prometeu e Pedro chegou com a língua
inchada em casa. Deste jeito dona Sandra perguntou:
- O que aconteceu?
O garoto respondeu:
- Eu estava brincando, com Paulo, numa casa abandonada. Mas,
no meio da diversão, comecei a falar palavrões. Porém, do nada, apareceu uma
senhora, que colocou uma pimenta na minha boca, por eu ter falado palavras
feias. Sem falar que Paulo, também, foi castigado por ter roído as unhas.
Desta maneira, a mulher comentou:
- A velhinha estava com toda a razão!
- A partir de hoje, tomarei a mesma atitude e convencerei os
pais, deste lugar, a terem o mesmo ato com seus filhos malcriados.
A partir daquele dia, tornou-se comum os pais enfiarem
pimenta na língua das crianças que falavam palavrões e colocarem pimenta
debaixo das unhas de quem as roía.
Reza a lenda que se uma criança costuma falar palavrões e
roer as unhas constantemente, o fantasma da Maria Pimenta aparece nos seus
pesadelos para colocar pimenta na sua boca e embaixo de suas unhas.
Por isto, há alguns anos atrás, tornou-se comum quando um
pequeno falava palavrões ou roia unhas, um idoso aconselhar:
- Cuidado com estes hábitos, senão a Maria Pimenta vem pegar
você!
Luciana do Rocio Mallon
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