sábado, 29 de dezembro de 2012


Desde criança observo que alguns mendigos portam cadernos consigo, ou mesmo canhotos de anotação, e às vezes escrevem muito. Há uns dois anos atrás, atravessando por debaixo do viaduto Nove de Julho, vi um mendigo de origem nikkei (provavelmente) e consegui olhar o que o cidadão escrevia, ele tinha uma caligrafia impecável,as linhas do caderno estavam repletas, ele escrevia c/ uma seriedade tal que me fez aproximar e lhe perguntar o que escrevia: ele me mal me fitou, e disse:'' nada de importante''- respondi: como você  sabe que não é importante? talvez seja para mim, e adoro poesia e literatura, e além disso cultivo o anonimato como uma ''religião", porque gosto de tornar notório para mim o desconhecido. O senhor continuou renitente, disse-me: ''não há nada de importante aqui o cara se ler, apenas para escrever''.

Tullio Estef. Sartini

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