Desde criança observo que alguns mendigos portam
cadernos consigo, ou mesmo canhotos de anotação, e às vezes escrevem muito. Há
uns dois anos atrás, atravessando por debaixo do viaduto Nove de Julho, vi um
mendigo de origem nikkei (provavelmente) e consegui olhar o que o cidadão
escrevia, ele tinha uma caligrafia impecável,as linhas do caderno estavam
repletas, ele escrevia c/ uma seriedade tal que me fez aproximar e lhe
perguntar o que escrevia: ele me mal me fitou, e disse:'' nada de importante''-
respondi: como você sabe que não é
importante? talvez seja para mim, e adoro poesia e literatura, e além disso
cultivo o anonimato como uma ''religião", porque gosto de tornar notório
para mim o desconhecido. O senhor continuou renitente, disse-me: ''não há nada
de importante aqui o cara se ler, apenas para escrever''.
Tullio Estef. Sartini
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