Não gargalhe
Não garagalhe,
o estrume das calçadas,
purgando tuas goelas
enquanto bocas banguelas
mastigam os próprios dentes,
dentes cariados da centúria
um século antes e o depois
de Cristo...
século
o XXI dos condomínios rentes;
dos sisos da penúria
cariados de Deus!
Não pode rir,
hiena!
enquanto o arroto
é a fartura da carne tecnofágica.
Não se pode libar
mistérios dinisíacos,
enquanto párias rodopiam o desabrigo
e a pança dos caçadores
está farta com suas presas:
os fetos sem orvalho.
Não se pode cantar o som da plenitude
enquanto o oxigênio
é um metro cúbico de cofres.
Não se pode dormir
enquanto o raio do sol
é o espectro da morte.
Não se pode andar
enquanto o extrato rude
da história fere tuas mãos
e as veias cozem o cadáver.
Mas,
quem sabe nem tudo está perdido...
Vamos riam!
eufóricos vassalos
Sim! Podem gargalhar!
enquanto os dentes atrofiam teus intestinos
no pasto do apátrida.
Sorria! Até quando tua fome
for teu intestino e tua moléstia
mais um cofre da tortura.
Dance! Dance!Dance!
enquanto a forca do futuro
não te enforca no cadafalso do presente.
Vamos! Exulte eufórico tua grife,
tua droga, teu PC e as sondas falantes
presas na tua cintura;
até saberes que és um mendigo
da tua vida, um álibe para o abate
no fantástico matadouro Homo Sapiens.
Vamos!
nosso pasto
é a nossa raça
espécie de verme vermicida
destroço das matemáticas
um cálculo
do aquém.
(Tullio Stef. Sartini)
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