quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Iluminuras.


De Mara Paulina Arruda

Distam um século do outro.
Foi naquela biblioteca, em 1810, onde os livros trazidos de Lisboa ele foi chamado e teve o primeiro trabalho na vida. Da sua casa até a Biblioteca dava mais ou menos uns 6 km. A pé fazia esse trajeto todo dia.
Afora os livros que o acervo ele vinha catalogando um manuscrito ilustrado com uma caligrafia de mulher vinha fazendo com que ele se debruçasse na pesquisa, de um século anterior ao vivido. Uma manhã sim e outra não, na beira da mesa assinalava e comparava as estórias gravadas. A pele curtida onde foram registradas as estórias ainda tinha um cheiro peculiar. Possivelmente era de vitelo. Analisando as estórias via que a pessoa autora desta obra de arte, sim, era uma obra de arte conhecia as redondezas da cidade. E também a língua latina e sua procedência.
Em vários momentos pareceu-lhe que era a resposta a uma declaração de amor. Fragilizados pelo tempo as folha amareladas e finas mostravam desenhos de lutas e encontros. No canto de uma folha o nome de um rei e de uma princesa. Ele, que até aquele presente momento ainda não tinha vivido um grande amor, perplexo e curioso, analisava o manuscrito para encontrar algum indício que fizesse com que ele mesmo, aquele que pesquisava e era guardião destes livros tivesse a coragem suficiente para iniciar aquela nova fase na vida: a procura do amor. E desta procura tornar eterno o primitivo do ser.

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