quinta-feira, 1 de maio de 2014

Eu sei pouco de gente nominável
Gastarei litros de insônia
Sem uma canção que os salve
Que nos salve ou salve
salve canção que seja
Aonde todo erro de expressão
seja beleza
E no sangue
o sangue pouco lavável
Destrua a vida
arumando
a mesa
Da fome sempre imposta
Da fome de tripas inchadas
Da cara de truques enormes
E fomes infames e bem conforme
A gula que nos engole
O gole que nos afoga
O tranco que nos tranca
Abrindo aos nós a porta
As melhores camisas rasguei com o peito
Com o peito pouco sabido pouco afiado
Pouco desnudo nos dias mais parcos
Pouco desnudo nos dias mais dias
Com os olhos tíbios de cores
E o olfato ofegante
Confundi o confuso
Com o simples:simplesmente impuro
E morri centelha depois de ter vivido faísca.

Julio Urrutiaga Almada

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