sábado, 17 de junho de 2017

não me interessa
a poesia não me interessa
quero ir ao seu enterro e cuspir na sua cara ordinária
de vil zombeteira das ações humanas
sou uma lança
uma valsa
um soco inglês
um menino malcriado quebrando janelas
um fuzilamento na praça central
a poesia q se exploda
q se foda
q morda o próprio rabo
motor rangendo os dentes aos semáforos
sou turbilhão e fúria
punhal e sangue
sou apenas um homem maltrapilho
q caminha pela estrada
sem q haja nenhuma estrada
sou apenas a lágrima e o sim
o amor e o perdão
a poesia é tudo o q não fui
não pude ser
sou apenas um sujeito desinteressante num sábado à tarde
como sempre fui
e leio poemas q me fazem soluçar
q me estraçalham e me fazem chorar
e grito e mordo meus próprios braços
e voo e voo livremente feito um pássaro
um cavalo ou uma zebra


 Sérgio Villa Matta

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