Vamos saber envelhecer.
Estou envelhecendo, percebo
isso em uma porção de coisas. Não é pelas rugas e pelos cabelos brancos,
tampouco pela dor na coluna, no joelho, pela falta de força na hora de empurrar
um armário pesado... Coisas dessa natureza não me preocupam tanto; já esperava
por isso. Consigo até conviver bem com essas primeiras mazelas da velhice.
Percebo que estou envelhecendo porque estou me tornando mais tolerante, mais
amorosa, mais compreensiva e, acima de tudo, mais humana. Na verdade, estou
voltando a ser criança. Uma criança experiente, madura e que tem uma porção de
histórias interessantes para contar. Passei a valorizar mais a união da família
e a perceber melhor a grande importância de se ter verdadeiros amigos. Estou conseguindo
conquistar um espaço só meu e daqueles que eu amo e me fazem bem. Não é por
egoísmo é porque preciso de paz e de tempo para refletir e escrever. Não tenho
mais tempo a perder com vaidades bobas, com pessoas que nada acrescenta nem com
relações que vão destruir a minha paz interior. Quero viver o tempo que me
resta do meu jeito, sem pressões, sem o compromisso de dar satisfação a quem
exige de mim coisas que não se enquadram mais no meu mundo. A velhice não me
assusta, sempre soube que um dia ela iria chegar e me preparei para viver mais
essa etapa de minha existência com dignidade e gratidão. Sim. Sou grata por ter
visto meus filhos crescerem e se tornarem pessoas equilibradas e do bem, por
ter bons amigos, por ter conseguido realizar a grande maioria dos meus sonhos e
por ter a felicidade de viver nesse planeta maravilhoso e, acima de tudo, por
ter o privilégio de ter vivido tanto, quando tantas pessoas morreram tão
jovens. Se revoltar porque está envelhecendo é uma grande ingratidão. Ninguém veio
a esse planeta para ficar, viver é como fazer uma viagem e a velhice é a viagem
de retorno para casa. Nada aqui nos pertence, é um grande erro se apegar demais
a coisas materiais e a essa vida. Se tendo consciência disso tudo se torna mais
fácil.
De Concita Weber
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