Quando eu não vejo a hora
e olho para o relógio,
o relógio só me diz:
calma, não tenha pressa;
tudo tem seu tempo.
Quando não vejo
a hora passar
e olho para o relógio,
o relógio só me diz:
apressa-se, você
perde muito tempo.
É o relógio
quem manda,
é o relógio
quem disciplina.
Mas o que o relógio
não sabe,
é que o relógio obedece
a um compasso
ditado pelo
Exército Mundial de Relógios.
(apenas as horas diferem,
mas os preciosos minutos
e segundos
são os mesmos;
os preciosos minutos
e segundos
é que contam)
Esse gigantesco exército
marcha na mesma passada,
mas esses relógios todos
não sabem
que diferem entre si:
uns são
mais antigos, pendulares,
e outros,
mais modernos:
a quartzo, bateria solar,
atômicos, digitais.
Esse gigantesco exército
é composto de relógios
que não sabem cada qual
o tempo
que vão durar:
a cada segundo,
há baixas e adesões
às suas fileiras.
Os relógios olham
para quem os olha
com um olhar
invariavelmente
severo;
o que os relógios
não conseguem olhar
é para a hora
que eles próprios indicam.
Os relógios,
sem espelhos, não conseguem
olhar para si mesmos;
os relógios olham apenas
para fora
e não conseguem
olhar
para seu dentro.
O que os relógios
não conseguem ver
é a própria hora.
Paulo Vallim - 17.06.2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário