A moça lê "Noites Brancas", de Dostoiévski, no
restaurante vegano. Coloco pimenta na comida, o garçom alerta que não é
vinagrete. A moça se oferece para trocar. Depois, ouvindo-a conversar com outra
moça, descubro que é baiana. Na mesa compartilhada, o sujeito elegante ao lado
xaveca a moça emancipada que fala sobre o uso de diu. Comida vegana gurmê. Se
havia sabor, sumiu no prato de metal.
Pensei em estoicismo, na uberização da economia, nos
chineses. Está tudo errado, ninguém conserta nada.
No dia anterior, comi bife à milanesa em prato de louça. Meu
interlocutor dizia qual era seu ambiente. Fiquei mais à vontade.
Pertencer à metrópole me constrange. Prefiro ficar perdida,
viver em suas margens. Os melhores lugares são os refúgios.
MK
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