terça-feira, 28 de agosto de 2018

tauromaquia




● a vida inteira ●
● do meu pai do meu avo e do resto ●
● aguardamos aqui depois da fazenda ●
● nesse caixão escuro q fede a esterco ●
● nas paredes a mijo de quem teve medo ●
● la fora urram esses covardes em festa ●
● cantam suas lamurias fracas e medrosas ●

● enfim abrem o portão ●
● vejo a luz do sol a multidão em volta ●
● cavalos vestidos de centauras ●
● essa fadinha no centro de roupa bem justa ●
● brandindo uma capa vermelha todo meucu ●
● sei num instante por um bailado da capa ●
● q ele deseja q seja ela qeu ataque ●

● sei q daqui não saio vivo ●
● como não voltaram nem meu pai nem o avo ●
● mesmo os mais fortes amigos e irmãos ●
● vivemos num campo de exterminio ●
● cada um preparado sem saber pra essa hora ●
● a capa é so um artificio eu quero o corpo ●
● arrastado parto morto mas ele morre antes ●

● porisso ando lento pra coisinha q se mija ●
● antes de girar sua capa meu chifre ●
● penetra pela coxa ate o saco adentro ●
● onanistas ao redor gemem porq não sabem ●
● q podemos sair do campo pensar e matar ●
● com esse gosto de arte e vitoria na boca ●

● senhores de fantasia teatros de sombra ●
● morrerei aqui sem poder dizer nada ●
● q cada um descubra q os senhores ●
● com nosso suor querem so a merda ●
● e o sangue de todos como punheta ●
● mas ele morre ali pra todos verem ●
● q de vez em quando um de nos ve ●

● enquanto isso vou matar bandarilheiros ●
● palhaços rabejadores pular nos babacas ●
● estraçalhar rabos q sempre aplaudem ●
● antes q reunam suas armas e me matem ●
● e aos q ouçam longe q a saida disso tudo ●
● é o pensamento a união e a violencia ●
● mesmo q a vida seja uma boa merda ●

*
ALC

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