Nunca esquecerei os caminhos
de fogo em tua carne: tuas hidras
solares.
Inventas a grife incendida
para nomear as cinzas. E esta
arte de vender relâmpagos.
Germinas em mim tua vegetação,
como se eu fosse o teu vale; a lareira
do teu riso.
Por vezes, me encerro
à sobra ancestral. Bêbado
de eterno, como o gemido
da terra.
Escrevo em tua rocha
para resgatar luz das águas.
Sou um selvagem que sangra
aquarelas.
Assim, recolho esta lírica-vinagre.
desde as conjurações das sombras;
desde o nocaute das horas.
Deve haver-me
um veneno abstrato, uma
flecha de átomos
Poesia é o que desnuda
a lavoura de signos.
E o desejo que virou pedra.
SALGADO MARANHÃO
(Do livro “A CASCA MÍTICA”)
Nenhum comentário:
Postar um comentário