sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Vento e Horizonte



Pedro Penido

Jogou os braços pela janela
e deixou-se saborear pelo vento.

Rascunhou suas lembranças no espelho
em dor profunda, em trôpega desilusão.
Arrastou-se para o canto do quarto escuro
e ficou em silêncio até ouvir os gritos do trovão.

Havia lágrimas por todo o lugar
e marcas de batom e sangue no chão.
Não podia evitar, simplesmente evitar,
que seu passado mutilasse seu coração.

Jogou os braços pela janela
e deixou-se beijar pelo vento.
Conquistador de todas as eras
que a arrancou de seu sustento.

Tomou-a nos braços o vento
e levou-a cidade afora para longe,
onde tudo era apenas sentimento
e podia-se, finalmente, tocar o horizonte.

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