Quase lygia telles, quase ficção
Era uma história assim. Quase história. Ela me contava.
Era sobre a Lígia. A Lygia, a escritora. Mas era uma história real. Parecia que
sim. A mulher saía do cinema e se dirigia para casa. Era no Rio de Janeiro.
Caminhava pelo passeio, caminhava.
De repente percebeu que dois rapazes numa moto a
estavam seguindo. Percebeu, mas não queria acreditar. Os rapazes a olhavam.
Ficavam a uma distância propícia para o sobressalto. A mulher caminhava, agora
em passos mais rápidos. O edifício estava próximo, tão próximo, mas a distancia
dos olhos era inalcançável pelas pernas.
A mulher tremia e apressava-se. Apressava-se. A mulher
tremia, temia. O portão do edifício, o portão. Era ali tão pertinho. A mulher
de repente correu mais que as pernas. Encontrou uma força além do físico. Agora
já era do outro lado do portão, fechado. Ela, a mulher, olhou para trás e viu
os dois rapazes. Os dois rapazes da moto. Até que ouviu a voz
de um deles num grito: “Lygia Fagundes Telles nós te amamos”.
A mulher não conseguia encontrar olhos para chorar.
Assis Freitas
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