Ecos o dia todo, palavras sem direção, como os braços de
shiva, para atingir todos ou atingir ninguém. incômodo, como insetos no copo de
leite, revestidos com a espessa nata do último lugar. olhos dentro do
santuário, cujo portal é porta de vidro ofuscada pelo branco e lembra sempre
que entre as entradas e saídas existe a palidez da incerteza e o risco tem a
ver com percepção. dentro, tapetes empoeirados e nos cantos casacos que
derretem todos os dias um pouco do bloco sólido de formol que envolve deus, que
por sua vez não dança ao ritmo da fumaça om namah shivaya / om namah shivaya a
alma inala prostrada diante da parede, formulando elipses para o alcance do
nirvana meditacional, ainda que a posição lhe faça recordar castigo ou um
cavalo de três patas a espera do sacrifício.
Camila Vardarac
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