A escrita chama. O fel em brasa. A escrita em chama. Na
garganta o sexo é objecto sagrado. Aguardam-me as várias mortes que a um corpo
numeroso pertencem. Sobre a mesa os papeis à polpa dos dedos começam a deformar
o lábio superior.
Erguida sobre a testa, a escrita continua demasiado e larga.
Um documento caducado.
Valerá a pena continuar? Nunca fui desertora, embora as
pregas da carne implorem à pausa.
Escrever contra a parede. A ideia mora-me, e sob todas as
aparências de sanidade existe um ultimato constante que ascende,
implacavelmente.
A escrita é a minha única arma. Em todos as horas a captura.
Verdade indefinível, mastigar e engolir até à borda, dactilografar. Letra a
letra, roliça e ademane sob aparências, a vulva é um ultimato, o escuro, a
tempestade, o fogo que não acende cigarro, a detonação. O sol de um mundo
sanguinolento que arde, desobedece, contém hostilidade e uma transpiração pesada.
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