sábado, 7 de janeiro de 2017

UM CASO DE ESPANTOSA INSIGNIFICÂNCIA


Nunca na minha vida tive problemas com seres imaginários. Mesmo porque, delatei-os todos ao meu psicanalista.
Até descobrir que ele era produto, também, de minha imaginação. O que me irrita é o fato, que considero uma traição, de que ele diz o contrário. De que eu sou o fruto da imaginação dele. Ledo engano, minha cara abstração. O consultório, a rua, o bairro sequer existem. Eu mesmo fui à região e comprovei. Vi uma funerária azul, uma praça e um ponto de ônibus. E nunca ouviram falar em clínica ou consultório por ali.
Volto agora soberbo ao lugar de onde eu vim. Mas assalta-me uma dúvida: de onde eu vim?

[André Ricardo Aguiar ]

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