Desceu a rua correndo, no sentido do vento
Atrás de uma pipa vadia que o amigo “cortou”
Não pegou e assim mesmo
Sorridente, o moleque, à favela voltou
Lá estava eu, nesse dia, no terreno sem dono
Que meu avô por ciúmes, um dia comprou
Era muito isolado e após a infância lá por anos morei
Meu cachorro era do guia dos barulhos estranhos
De que em noites insones, eu tanto cismei
Hoje fora invadido, tanta gente carente para lá se mudou
E o menino na rua, atrás de uma pipa
Fez o mesmo que eu
Só que o tempo era outro e o menino da rua nem chegou a
crescer
Tornou-se traficante, empunhou uma arma
Matou e morreu
Hoje eu faço esta prece
Para que sua alma perdida se reencontre com Deus
E este, lhe posse ensinar - E lhe cure as feridas
Perdoe seus crimes - Que eu sei cometeu
E que lá existam outras pipas
Soltas ao vento, belíssimas
Que nos lembrem a infância
Onde brinquem as crianças
Ele, você e eu.
Paulo Bocks (Livro Poesias d'Bocks)
Nenhum comentário:
Postar um comentário