Dona Margarida, minha vizinha, tem nome de flor, mas sua
lida mesmo era com os bichos. Não foram poucas às vezes que a vi, fora de hora,
dando comida e água aos cachorros de rua nos terrenos baldios. Falava com os
vira-latas como se fossem da família. No seu quintal, não cabia mais nenhum
animal. Quando a encontrava, nunca estava sozinha, sempre uma matilha a
acompanhava. Dois deles estavam sempre presentes: Dodô e Dodó. A diferença
ficava por conta do acento nos nomes, era o focinho de um, o rabo do outro.
Irmãos gêmeos. Dodô era mais sapeca.
Tem mais de meses que Dona Margarida adoeceu, foi
compulsoriamente levada para a casa de um filho em outra cidade. Agora, os
safados pensam que sou caridoso igual a ela. Só porque me viram conversando com
dona Margarida, imaginam que gosto deles! Cachorrada pulguenta!!!
Hoje, às três da manhã, estranhei novamente, pois faz mais
de uma semana que Dodô não aparece pra comer a ração e tomar água fresca que
sirvo no terreno baldio. Logo agora, comprei o pó anti-pulga!. Perguntei ao
Dodó do paradeiro do seu irmão, ele não me respondeu, mas abaixou a cabeça.
JDamasio rascunho
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