o que dói mesmo não é a ausência
mas esse inverno nos lábios
toda vez que o teu nome me visita
entre os cantos deste silencio.
o que dói mesmo não é ausência
mas esse tremor nas mãos
quando a viola desacampa no peito
a música dos nossos instantes.
o que dói, no fundo, meu benzinho
é esse horizonte sem caminho
é essa vontade de regressar
aos braços naufragados na saudade
o que dói é esse mormaço nos olhos
esse brejo esgotado no sexo.
são esses cacos de instantes míticos
enterrados em ocas fotografias.
o que dói mesmo não é ausência
mas os poemas paridos na saudade
encharcados pelas lágrimas
destes que um dia foram amantes.
Sândrio Cândido
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