quarta-feira, 11 de janeiro de 2017


“O tempo está vivendo-me” (Borges)

O tempo vive, impronunciável.
Tu também não o dizes,
Em silêncio, lábio,
Contracanto da destruição.
Vive o silêncio. Escutas?
Não o há. Teus nervos, o tempo
Em mim, som do quanto ressoa
O peito, mesmo calmo, galopa na tarde.
Ruído branco; recebe
Ondas, contingências tonais
Da carne; um silvo;
Arrepia ao teu chamado.
A casa: transparente,
Um hiato intocado.
Respira no tempo,
Intervalo de espelhos.
O poeta me diz. Cego,
O instante me abre
A imagem da tempestade;
Canais de água
E rumor da tua aparição.

Roberta Tostes Daniel


(2012)

Nenhum comentário: