quarta-feira, 23 de maio de 2018

cataclismos




Vi os bambambãs de minha geração com picaretas buscando o pote de ouro, esgarçando o arco-íris; assisti yuppies de merda degelando as geleiras , com seus carrões que decolam de aeroportos e jatinhos que descortinam os ares a partir do meio-fio; topei neguinho querendo tudo, tudinho , e uma penca de manos pousando pra fotografias com o estomago grudado na omoplata; percebo chuvas teimarem em não dar as fuças , onde faziam um fuzuê e transformarem em lagoas locais que sequer pingava ; constato a fúria da natureza atrás de recordes , numa ensandecida aporrinhação com o guines ; noto um bando de maiorais papagaiar : crescer , desenvolver , maximizar e o planeta com tecnologia para alimentar 3 vezes seus miseráveis ; escuto a lengalenga dos manda-chuvas e manda-secas em encontros onde o boi vai de pijama, enquanto jornais entediantes dão conta do último cataclismo; topo uma cambada de doidos cuja necessidade de coisa alguma estende-se até que a ossuda os açambarque , entretanto prosseguem comprando,adquirindo, tascando na garagem a décima segunda máquina , numa disputa demencial com outras bestas do esbanjo, esnobo e foda-se os netos que não verá ; saco o fetiche do consumismo infectando nenéns e gaiatos cantarolando: o futuro é duvidoso; testemunho uns zé-ruelas felizes em seus casebres , celebrando a vida , conforme determina a folhinha , enquanto os donos do mundo entopem-se de prozac e o escambau ; assisto na TV uns bunda-moles glorificarem o mercado , vociferando que comida na mesa do povo impacta as contas públicas, noticiam o aquecimento e exigem dígitos e mais dígitos encorpando a economia; ao passo que de 1800 e vai fumaça o sapateiro Proudhon esgoela : Oh personalidade humana! Como pudeste te curvar à tamanha sujeição durante setenta séculos ?

Marcos Mello

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