Vi os bambambãs de minha geração com picaretas buscando o
pote de ouro, esgarçando o arco-íris; assisti yuppies de merda degelando as
geleiras , com seus carrões que decolam de aeroportos e jatinhos que
descortinam os ares a partir do meio-fio; topei neguinho querendo tudo, tudinho
, e uma penca de manos pousando pra fotografias com o estomago grudado na
omoplata; percebo chuvas teimarem em não dar as fuças , onde faziam um fuzuê e
transformarem em lagoas locais que sequer pingava ; constato a fúria da
natureza atrás de recordes , numa ensandecida aporrinhação com o guines ; noto
um bando de maiorais papagaiar : crescer , desenvolver , maximizar e o planeta
com tecnologia para alimentar 3 vezes seus miseráveis ; escuto a lengalenga dos
manda-chuvas e manda-secas em encontros onde o boi vai de pijama, enquanto
jornais entediantes dão conta do último cataclismo; topo uma cambada de doidos
cuja necessidade de coisa alguma estende-se até que a ossuda os açambarque ,
entretanto prosseguem comprando,adquirindo, tascando na garagem a décima
segunda máquina , numa disputa demencial com outras bestas do esbanjo, esnobo e
foda-se os netos que não verá ; saco o fetiche do consumismo infectando nenéns
e gaiatos cantarolando: o futuro é duvidoso; testemunho uns zé-ruelas felizes
em seus casebres , celebrando a vida , conforme determina a folhinha , enquanto
os donos do mundo entopem-se de prozac e o escambau ; assisto na TV uns
bunda-moles glorificarem o mercado , vociferando que comida na mesa do povo
impacta as contas públicas, noticiam o aquecimento e exigem dígitos e mais
dígitos encorpando a economia; ao passo que de 1800 e vai fumaça o sapateiro
Proudhon esgoela : Oh personalidade humana! Como pudeste te curvar à tamanha
sujeição durante setenta séculos ?
Marcos Mello
Nenhum comentário:
Postar um comentário