O seu cabelo era loiro
Como o cabelo de oiro
Dum milheiral em flor
O seu rosto era rosado
Dum rosa que aposto
Era o da rosa mais formosa,
A mais linda do prado
A sua boca era rubra
Dum rubro tão doce
Como o da papoila mais rubra
De onde quer que fosse
E não há quem descubra
De onde era ela
E não há quem nos diga
Que a rapariga
Não fosse bela...
Mas quando um dia se casou,
Tudo mudou!
O loiro cabelo
Outrora brilhante
Tornava-se escuro,
Impuro, aberrante!
O rosto,
A face bela,
Tão cheia de gosto,
Ficava amarela!
A boca tão rara
E tão cheia de amor
Ficava clara
Sem cor,
Sem calor
!
E toda a alegria,
A força e energia,
Da moça fugia
Ao vir o amor!
Tristeza!
Onde está sua beleza?
Foi quando casou
Que a bela mulher
Voltou a nascer
Velha, velha!
Caprichos da natureza!
José Sepúlveda
(Arca de Quimeras)
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