O fragmento - “agora, lá fora, todo mundo é uma ilha, há
milhas e milhas e milhas de qualquer lugar” - reflete bem o ser e estar de
muita gente.
Já parou? Para pensar que fazemos o que nos pedem e ensinam,
num ritual descompassado? Fazemos exatamente o que nossos pais, avós, bisavós
fizeram. Nascemos – crescemos (tudo muito natural) – somos educados
(doutrinados soa menos falso) – trabalhamos - casamos – geramos - e o ciclo se
repetirá com nossos filhos. Diferentemente. Entretanto, igualzinho.
Complicado de responder, mas a pergunta que cabe aqui é
simples: e é só isso? Seria um ciclo natural de evolução darwinista ou, até
mesmo, criacionista? Um roteiro de filme, onde, muitas vezes, somos bandidos e
mocinhos, num jogo de máscaras? Uma obrigação natural ou social? Uma regra que
algum feliz ou infeliz estabeleceu? Um cara ou coroa?
Em um país repleto de injustiças sociais, metade deste
processo concluído já seria mesmo um feito. E dos grandes. Digno de medalha de
ouro ou de um Oscar, predeterminado pela Academia ao "melhor" filme.
Parece-me que “alguma coisa ficou pra trás”. Mas o quê? Bom
se fosse só o guarda-chuva esquecido em algum banco de ônibus, logo após o
cessar da chuva. Compraria outro. Fim do problema.
Plantar uma árvore. Gerar um filho. Escrever um livro. Senso
comum da felicidade? Este é o problema, ser o comum. Ser só mais um José ou
Maria na multidão. Estaria tudo bem? Não! Não? Ser um Neymar ou uma Gisele
também não seria o bastante? Ou seria? Julgo que não é uma questão de dinheiro.
Beleza. Glamour. É uma questão de saber qual o enredo. Quem é o diretor. Deus?
O nome do filme. Elenco. Mocinhos. Bandidos. E onde você quer livre arbitrar.
Mario Auvim
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