terça-feira, 22 de maio de 2018

ELA




Ela, sonâmbula ingênua, alimentando-se dos resíduos de pão recolhidos à tarde,
em seus passos, brisas suaves de grisálida emplumada em desalinho com o  vento,
digere antídotos contra seu próprio veneno;
depois de enxugar lágrimas de acetona, de enternecer seus sonhos,
de dissecar a fauna de seus sentidos, de esmorecer em falsos desatinos,
de esquecer seus primários instintos,
depois de estar no purgatório e não se enxergar Beatriz,
depois de reverter o espólio em simples cicatriz,
escalavra em suplício os intervalos do equilíbrio.

                                                              Ricardo Pozzo

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