quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

o leite dos ungulados




1

● leite quente leite negro leite esperma ●
● sangue no estrume nuvens de moscas ●
● esperma rubro vindo das dores da noite ●
● fria demais q se enrosca entre dores ●
● não espera so resseca escondido ●
● porisso agarro o peito imenso q flutua ●

● como velho zepelim desgovernado ●
● cheio de leite gotejando como chuva ●
● inverno feridas me rasgam o peito ●
● terei leite terei uma noite uma hora ●
● quem sabe furtivo eu durma cheio ●
● do leite negro leite sangue dizendo ●
● ?como dormir ?como viver ●

2

● do imenso peito engulo ●
● com labios e lingua ●
● quente o leite dos ungulados ●
● ouvindo os cascos baterem ●
● afundarem no estrume mole ●
● ha tantas moscas ao redor ●
● so a fome é mais quente ●

● q o leite dos ungulados ●
● queimando labios e lingua ●
● garganta e estomago ●
● sem o leite dos ungulados ●
● calcando agora estrume mole ●
● entre nuvens de moscas ●
● ?como dormir ?como viver ●

3

● ha um vento frio la fora ●
● q o leite quente dos ungulados ●
● sugado pelos labios escorrendo ●
● pela lingua garganta estomago ●
● entre nuvens de moscas ●
● entre tetas no estrume mole ●
● não consegue aquecer ●

● a dor sabe requer sempre mais ●
● talvez porisso esse leite ●
● quente dos ungulados na boca ●
● não conseguira mudar nada ●
● nem mesmo se fosse mil peitos ●
● so nuvens de moscas no estrume ●
● ?como dormir ?como viver ●

*ALC

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