quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

CAMINHADA




corro na rua vazia
sem carros
sem casas
sem vias
onde perco-me
a procurar por mim
vou como bêbada
na incerteza das
escolhas inúteis
patino na lama
erro em becos
caio em buracos
e aos pedaços
desnudo meu medo
que se reflete
no espelho
da chuva
nua
brinco de
palhaço
viro uma
esquina escura
vou descalça
não há lua
só uma estrada
uma linha
um nada
minha caminhada
minha alma
impura

(Cristina Desouza)

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