Minha fraqueza é ver em olhos infantis, o inferno refletido
das guerras. As guerras que expurgam os sonhos, que atemorizam, que inibem a
doçura das palavras.
Nossas guerras cotidianas da falta de comida, onde ainda se
brinca com argila
Em beiras de rio, e com sementes que não germinam, o meu
nordeste.
Trava-me ainda a língua a imagem das crianças sujas,
desnutridas, comendo da palma e na palma das mãos de mães aflitas, pouco mais
que carinho a oferecer.
Nosso futuro comprometido, corrompido pelo que não se mostra
na tevê e fica esquecido, no meio do jogo do poder. Enquanto faço poesias,
crianças morrem, morrem em agonia na Republica Federativa do Brasil. As
estatísticas, todos sabem, ninguém viu...
Ninguém viu trabalho escravo, exploração infantil,
prostituídos meninas e meninos, nossas índias crescem no descaso, tornando-se
pequena parte, escória manipulada por pequenos pedaços dessa terra, elas são
moedas.
A imagem é negra como a negritude das carvoarias que noite e
dia fumegam a miséria das nossas crianças brasileiras e nublam minhas certezas,
sobre justiça e direitos.
A minha fraqueza é ainda acreditar em leis, que foram feitas
para se burlar, nesse país em que vivemos e que não temos como advogar a causa
do mais fraco. Omissos e impotentes diante dos dirigentes que chamam a isto de
democracia.
As leis só existem para quem tem pão todos os dias e quem
não tem dorme com a mesma fome que consome e me causa essa fraqueza.
Cristhina Rangel.
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