terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Dadaísmos




Você que é leve como chuva ácida; sulfura buracos no ozônio. Estufa um salto de asa-delta sem asa-delta: asas de chumbo. Rumo ao sol.

O sol quer o meu câncer. No fogo, carrossel de Apolo, inferno siberiano: arrepio que me causa a trinta e seis graus, terceiro milênio.

Polução devasta o planeta inundo. Roçados onde os seus desamparados. Peito, pentelho. Baba por fazer; bagunça no enredo.

Éclogas, ecologias. Dilúvio e carnaval. Mais de sete bilhões de palhaços no salão.

Chove no ecossistema das pernas. Chove sangue. Na calha onde sua chuva de enxames arrebenta a minha cara. Conto as gotas num buquê estridente.

Bebo o arroio dos olhos. Bebo tudo. Ébrio peito sanfoneiro, resfolega a lira suntuosa.

Uns minotauros machões. E abelhinhas transtornadas sobre o manjar dos deuses: as crianças. Faz dodói na pele-labirinto.

É um belo momento: eu me afogo na enchente e chove. Rio, de ainda morrer, Amor.
RTD

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