Todo mundo está só na vida.
Todo mundo está só e nu.
Já se disse que as cidades
São grandes desertos, todas elas.
Já se disse, decerto, que todo mundo,
— Mas todos mesmo, estão sós e nus,
A vaguear por sobre desertos,
Embora pisando a rua dos-homens.
Alguém me disse qu’eu estaria mais só.
Mas todo mundo deveras está só e nu,
E isso nem sequer é tão ruim.
Nada pelo que clamar o socorro dos elfos.
Nada por que temer e desfraldar alfanjes.
Outra pessoa — menina e tão tenra na vida,
Fez-me ouvir uma canção que dizia:
Talvez eu seja a menina que vai te amar...
Todo mundo está só consigo,
Mas a solidão e o ar só os sente
Quem não tem coragem de sentir as coisas.
A folha desceu pelos ares;
O pássaro se atirou dum galho trêmulo.
A gota não se desprendeu da pétala...
A teia de aranha rorejada.
O arquejo dum carro. Longe...
O estado em que os sentidos
Começam a agigantar o ínfimo,
O tênue. A abelha de cobre...
abelha/abelha
Abelha.
Levanto-me.
A areia na meia, o sol na nuca.
Todo mundo está só na vida.
E nu. E isso não é nenhuma maldição,
Senão o que significa tornar-se adulto.
Igor Buys
29 de agosto de 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário