Sob o arco do templo me curvo, sob a sombra do monte me
amparo, sob o átrio da câmara me calo, sobre o piso da sala do trono eu me
ajoelho perante seu dono, desejando matar meu senhor. Meu camelo me segue sem
pressa, mastigando algum talo sem gosto, no olhar somente indiferença, sem ter
crença, amizade ou desgosto. Na dobra quadrada da esquina, a marca do tempo se
prende a resina do caule da vida. O limo grudado nas pedras do arco, dá vida a
avenca que baila com o vento, e adorna a entrada do templo em ruína. E o camelo
me segue com indiferença enquanto caminha seu talo rumina; as marcas do tempo
no caule da vida, como o limo das pedras do arco do templo, arredondam com o
tempo o quadrado da esquina. Quando as luzes se apagam e se fecha a cortina, o
ato termina e os aplausos não vêm as estrelas não brilham, e o camelo não masca
mais seu talo sem graça, só no último ato o homem aprende, enquanto a casca se
desprende do caule da vida.
José Tavares
almaxpoesia.blogspot.com
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