quarta-feira, 25 de novembro de 2015

carrego em mim um amor que não vingou

carrego em mim um amor que não vingou
toda noite o meu corpo dormia ao seu lado
mas a alma sentava ao pé da cama
ouvia todos os dias de um sujeito estranho
que me ama e não me engana
(de fato, não engana)
mas em mim vivia aquele amor que não vingou
feito semente que não transforma em flor
feito pele lisa de um sujeito totalmente exposto
quando tudo o que é está fora, além do corpo
há aquele mal dito amor que não vingou
cantarolo Chico no meu quarto
sinto cheiros lá naquele instante da estante
de uma pele fascinante que meu nariz nunca ousou tocar
deve ser esse amor que não vingou
que impede o novo amor de vingar
não há ódio, nem rancor
é apenas um sujeito que passou
mas não teve tempo de sentar
nem me sentir
a vida corre ligeira, né?
ser redundante já faz parte dos meus dias
coleciono xícaras quentes de pessoas frias
que embranquecem os dentes mas deixam a alma suja
ah, isso nem faz diferença
amar deve ser psicológico
vou fingir que nem Pessoa finge dor
fingir amor deve ser melhor que estar no ócio
vi que está tão fácil ter amor
é até anúncio, negócio
mas não tenho sorte
sou demente
pra virar insolvente
prefiro não me aventurar.

Luana Dias

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