quarta-feira, 25 de novembro de 2015

nanny


● nossa nanny tem uma cabeça imensa ●
● cabeção q parece um barril e nos olha ●
● como um farol sempre tristonho ●
● somos no quarto 25 filhos de ninguem ●
● todos nos não paramos de rir e brincar ●
● todos nos vivemos mijados e merdosos ●
● nossa nanny não consegue se curvar ●
● com certeza porisso tamos tão porcos ●
● com essas camisolas de linho borrado ●
● quase todos nos nos seus velocipedes ●
● cada um com sua cadeirinha de madeira ●
● cada um com sua caminha de ferro leve ●
● 5 ou 6 com seus cavalinhos de pelucia ●
● 7 ou 8 com seus travesseiros de boa lã ●
● 10 ou 12 vivem com fome e roem e roem ●
● nossa nanny não tem mais tempo nenhum ●
● nossa nanny ta quase sempre dançando ●
● como se fosse uma velha tartaruga doida ●
● mas essa vida tem seus confortos e belezas ●
● como por exemplo das janelas vemos o lago ●
● no lago os barcos nos barcos os marinheiros ●
● pois quase todos esses marinheiros bebem ●
● desesperadamente suas cachaças de milho ●
● depois é como se alguem talvez nossa nanny ●
● sabendo do bom vicio q arrebata marinheiros ●
● traz cada um deles pra viver aqui entre nos ●
● nesse quarto q cresce assim como um bicho ●
● onde os marinheiros terminam suas vidas ●
● porq tem havido muitas brigas entre nos ●
● cada vez mais violentas onde nossa nanny ●
● tem saido muito ferida como se ela fosse ●
● não apenas nossa nanny mas o velho capitão ●
● do navio q vemos todo dia aqui da janela ●
● qualquer hora dessas perdemos a razão ●
● de viver com nossa nanny o belo prazer ●
● de degustar essa preciosa preguiça ●
 Alberto Lins Caldas

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