quarta-feira, 25 de novembro de 2015



Sartre dizia que a vida não tem sentido, é você que dá um sentido a vida. Wittgenstein, por sua vez, dizia que, se a vida tem sentido, este sentido está fora da vida, senão ele não é sentido, é problema. Já Leminski, sempre original, afirmou certa vez que se recusava a viver numa vida sem sentido... Se você lembrar que sentido também significa 'direção', talvez você se livre um pouco do peso metafísico dessa palavra. O sentido da vida vira então 'a direção da vida'. Mas quando a vida não tem direção? Ou quando cada dia você está indo para um lugar diferente? Talvez o sentido aí seja exatamente a falta de direção. Ou o não-sentido. Mas vai que de repente o único sentido da vida seja procurar o sentido da vida. E se não achar? Pelo menos aí você já atravessou a vida inteira com um sentido, ou seja, procurando o sentido que não existe. Mas existiu a procura. Então aí está o sentido. A procura. Pra mim literatura é isso: procura. Você põe umas rimas, um ritmo, engendra um enredo, cria personagens, mas no fundo literatura é escrever sobre a procura, a procura da procura... O resto é perfumaria

Otto Leopoldo Winck
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