quarta-feira, 18 de novembro de 2015

DESTINO



Aquela noite
ele brigou com a namorada
encheu a cara
perambulou pelas ruas mais sórdidas da cidade
(como sórdida é a vida)
saudou com reverência as travestis, a lua pálida, as poucas estrelas que brilhavam muito longe
quebrou uma garrafa no prostíbulo
foi jogado na calçada
perdeu um dente, abriu a testa
deitou no banco da praça
– e dormiu feito criança.
No dia seguinte
com três pontos no supercílio esquerdo
ele apanhou um caderno novo de espiral
pegou um lápis
e foi aí
– exatamente aí –
que ele se tornou POETA.

Otto Leopoldo Winck

Nenhum comentário: