segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

BASQUETE, O NÚMERO OITO E O BOLO DE FUBÁ



Pelos idos de 1964 tínhamos um bom time de basquete composto por piraienses que estudavam no Colégio Agrícola de Ponta Grossa. Alguns faziam parte da equipe principal do colégio e outros batiam bola junto. A formação era eu, Roberto Fanchin, o Joélcio Rolim de Moura, o Sérgio Doff Sotta, o Lúcio Solak e o Edson Borba.
O time era bem treinado e tinha um bom conjunto. Eu, o Lúcio e o Edson segurávamos as pontas atrás, o Sérgio e o Joélcio corriam bem, lá na frente.
De quando em vez, e quando íamos passar o final de semana, éramos desafiados pelo time de Piraí, do Jorge Vargas, do Dalton Volaco, do Lúcio Xavier, e outros “craques”. Nós apanhávamos de todo jeito, tanto no placar como nas faltas. Tínhamos melhor técnica, porém eles tinham mais força física. Eram mais velhos e não se importavam muito em evitar o contato físico e nos bater.
Em certa ocasião, num sábado á tarde, o Colégio Santa Cruz de Castro, que na época ainda era internato, nos desafiou para um jogo amistoso. Fomos os cinco de ônibus. Junto, e como único torcedor foi um rapaz que não era nascido em Piraí, que apareceu por lá, e que o chamávamos de Boturi.
O jogo estava marcado para as quatro horas da tarde. Chegamos em cima do horário marcado e nos apressamos para não nos atrasar. Na descida do ônibus, o nosso pivô Lúcio, disse: “Vão indo que eu já alcanço vocês”. Chegamos ao Colégio Santa Cruz, e quando vimos a quadra, quase voltamos. O Sr. Bernardo (Diretor) tinha reunido todos os alunos em volta para nos esperar, e o time deles já estava aquecendo. Trocamos de roupa, iniciamos o nosso aquecimento e nada do Lúcio. A torcida deles berrando, urrando e nos intimidando, e nada do Lúcio. Enrolávamos, fazíamos de tudo para ganhar tempo e o Lúcio não chegava. O Sr. Bernardo já tava começando a ficar nervoso, quando eu olhei o nosso torcedor solitário, o Boturi, calçado com tênis Conga, e perguntei: “Você joga”? Ele prontamente: “Jogo”! Pronto fechou o time, estava ali a nossa salvação! Demos o uniforme a ele e achamos que tava tudo resolvido, quando o ouvimos perguntar ao Edson Borba, baixinho: “Aonde joga mais ou menos o número oito?” Pensei: “Meu Deus, estamos fritos!”.
Felizmente, um segundo antes do juiz apitar o início da refrega, aponta o Lúcio, vermelho, suado e esbaforido. Trocou rapidamente de roupa e aí o time ficou completo. Pudemos jogar.
No final do jogo, perguntamos: “O que houve Lúcio, que quase nos deixou não mão?” Ele respondeu: “Fui dar uma passadinha rápida na casa da minha tia e ela tinha feito um bolo de fubá, ”tava” quentinho, e não resisti. Tive que sentar e tomar um "cafézão”.

O resultado do jogo não importa e nem faço muita questão de lembrar.

(Roberto Fanchin)

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