"É por esse nível de assepsia que o anjo se exalta, e
percorre o ermo dessas valas, impondo aos foliões que encontra uma mesma
máscara ancestral, étnica, de ascetismo e polidez. O silêncio é para todos, a
democracia floresce no silêncio, e todos precisam se calar, sem exceção, do
filho da escrava ao primogênito do faraó, dos guapecas nos terminais de ônibus
aos cabritos cujo sangue tingirá a porta de nossos clubes e salões, e em ponto
algum desta aldeia deverá se ouvir o ronco de uma cuíca, o gemido de um zumbi,
o protesto de seus encarcerados. Se no Egito houve clamor, em Curitiba haverá,
no máximo, borborigmos."
Trecho da minha crônica "O anjo higienista", que
sai amanhã, na Gazeta do Povo.
Luís Henrique Pellanda
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