Para Cecília Nepomuceno
Lavoura após lavoura, a pá, mão e tesoura.
Após dura colheita, eu como, bebo, deito.
Durante a lavra, lavro, escrevo minha estrada.
Após a rude escrita, eu canto, danço e grito.
Semente após semente, suor, cansaço, sede.
Se conto o que sinto, escondo, fujo e minto.
Desfio grão, o milho e trigo, eu sovo massa e faço pão,
acendo forno e assovio esparsas notas de azulão.
Enxada, foice a tiracolo, o passo sempre rente ao chão,
ancinho e fumo de corda, poeira sempre na visão.
Eu risco chão e terra, e luto minha guerra.
Palavra após palavra, recolho minha safra.
Bento Ferraz
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