sábado, 25 de fevereiro de 2017

quanto riso oh quanta alegria




● ha tanta carne ●
● eles mesmos nos entregam suas carnes ●
● o tutano dos ossos todos os ossos ●

● a pele o sangue coagulado todos eles ●
● nos entregam machos femeas e filhos ●
● sim de olhos fechados eles se entregam ●

● tudo é sempre nosso ●
● pra eles so a grande tolice o chorume ●
● se se revoltassem seria com tanta ternura ●

● q as carnes ferveriam mais deliciosas ●
● enquanto gargalhamos eles eles sim ●
● trabalham sem cessar dia e noite ●

● quanto riso oh quanta alegria ●
● no meio das multidões a carne ferve ●
● nossa fome se eleva sim e esperamos ●

● eles dançam eles gritam eles gargalham ●
● eles batem palmas eles cantam e uivam ●
● eles sabem o belo nome do senhor ●

● jamais aplacarão essa gula sem fim ●
● essa violencia q não para de gozar ●
● praisso trabalham acreditam e seguem ●

● dia e noite enquanto nossa fome ●
● so faz crescer so faz ficar mais refinada ●
● mais exigente mais brutal e todos eles ●

● correm pros nossos dentes ●
● como se a fome fosse deles como se tudo ●
● q eles acreditam fosse verdade e deles ●

● não fosse uma armadilha ●
● pra trazer todos eles eles todos ●
● pra saciarem nossa fome q é infinita ●

Alberto Lins Caldas 

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