-- Engraçado como algumas palavras entram e saem de moda.
Aleatório, bizarro, entorno são algumas das palavras em voga atualmente. De
cada dez palavras pronunciadas por um hipster, três são aleatório, bizarro e a
expressão 'no entorno'.
-- Não sei se alguns são ingênuos, ignorantes ou
preguiçosos. Com exceção dos primeiros, os outros dois têm cura. Para os
ignorantess o remédio é pesquisa, curiosidade, estudo. Mas tudo isso com 'olhos
livres'. O problema é quando eles são também preguiçosos. Para os preguiçosos a
solução é vontade. Mas como exigir vontade de quem justamente sofre de falta de
vontade? Olha, pelo menos um pouco de boa vontade não seria mal.
-- Coisas que detesto e uma que abomino: polícia, exército e
todos os aparelhos repressivos do Estado. Numa revolução tudo isso deveria ser
destruído e recomeçado do zero. Como o exército francês após a Revolução de
1789. Agora, truculência, eu abomino. Sobretudo quando vem em voz melíflua.
-- O duro não é sair da caverna. É voltar pra ela e fingir
que você não viu nada. É o que muitos fazem. Pra ser aceito, você deixa de
pensar. Você pensa o que os outros esperam que você pense. Aí numa festa você enche
a boca pra dizer: esses sem-terra, é tudo vagabundo.
-- Coisas que amo de paixão: pôr do sol, expresso tomado num
café com um livro nas mãos, flânerie, silêncio, seios, axilas. Não
necessariamente nesta ordem.
-- Outra coisa que detesto: a expressão "amo de
paixão".
-- Escrever um livro que ninguém leia, ou se ler, ninguém
entenda: eis aí um bom objetivo pra vida.
-- Ser um herói e um santo para si mesmo (Baudelaire). E que
tudo o mais se exploda.
-- O duro não é quando as pessoas te decepcionam (as pessoas
sempre te decepcionam, elas nunca são como você as imaginou). O problema é
quando você se decepciona com você mesmo: aí é um duro golpe no orgulho e na
autoestima. Não tem cura. E é bom que assim seja.
-- Otto Leopoldo Winck. Gosto do meu nome. Não sei que
substância meu pai tomou quando escolheu o meu nome. Mas bendita seja essa
substância! Pelo menos, nome de escritor eu já tenho.
-- Se todo ponto de vista é apenas a vista de um ponto, este
meu ponto de vista é apenas mais um ponto. Mas é meu, porra.
Otto Leopoldo Winck
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