quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Circe




● fui um daqueles ●
● q vindos do mar grávidos de sonhos ●
● e batalhas ●
● bebeu o vinho enfeitiçado e se curvou ●
● as potencias dormentes ●
● ao tempo minúsculo e forte ●
● ao silencio a gordura a fome infinita ●

● com quatro patas rabo retorcido ●
● focinho fino dentes mascando a língua ●
● presa sem palavras ●
● sem quase memoria do ter sido ●
● por dentro dos olhos miúdos ●
● atrapalhados pelas orelhas desabadas ●
● a vontade de devorar ●

● o lixo remoer a lama procurar o verme ●
● escondido no lodo ●
● despido de toda vergonha ●
● seguindo moscas em vez de guerreiros ●
● grunindorosnando esquecimentos ●
● entre frutas podres ●
● pedaços de carne diluídas pela saliva ●

● e ver todos eles arrebanhados ●
● pra novamente se tornarem homens ●
● e fugir sem ser visto ●
● pra nunca mais me por em pé ●
● pra nunca mais ter q lutar ●
● pra nunca mais sofrer o tempo ●
● a pele macia o gozo duma mulher ●

● ver todos partirem sem uma lagrima ●
● voltar ao lixo a lama ao esterco ●
● com a grande felicidade ●
● enfim reconhecida ●
● agora vivida com toda alegria ●
● apesar de tudo ●
● e do grande mar impossível ●
ALC

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