(para Carla Carbatti e Roberta Tostes Daniel)
Suplanto o sonho ao rés da folha.
O meu caminho é a sede de outros passos.
Turvo semblante de minha voz rouca,
em que o delírio desconhece o próprio astro.
Por isso, escrever é uma morte,
como o lento declínio de um pássaro.
A moldura que emoldura o meu vazio
quando a flor brota da serpente
e se afoga na distância de outros braços.
Sim, toda escrita é uma morte.
A paz sem nome de uma estrada.
O que persiste em nós feito segredo,
quando a vertigem ancora em nosso medo
a lua pendular da boca de um abismo
que é o sangue de todos os poetas
Caio Resende
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