MEU CORPO lembra Frida Kahlo. A marca que impede uma alma
livre de ser plena, correr ao encontro de tudo. O congelamento do corpo em uma
cama, em um espaço cerzido. Ela _ Frida _ não aceitou e pintou sua realidade
com traços de luz/fogo/alfazema/lágrima e amou de um amor irrepreensível e nunca
aceitou que o mundo a taxasse de menor ou pequena... Frida sussurra no meu
travesseiro a ladainha da rebeldia: Ergue este queixo bonito e pisa as flores
da tua escolha, e ama e ama até forjar uma chuva de colibris acima dos abismos.
Frida, Frida... Ainda estamos colhendo estas aves azuis com nossas mãos
pequenas. Tua liberdade era estrela bastarda _ eterna fagulha no céu _ eu a
agarro como quem monta uma égua dilacerada, pretendendo com ela atravessar a
agonia do viver. E quando meu corpo esquece que é teu corpo eu contemplo este
duplo meu e a minha voz interior diz claramente _ Sou Frida à medula.
Bárbara Lia _ do livro inédito "A vida é um cão que nos
devora começando pelos dedos".
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