quinta-feira, 19 de setembro de 2013

coisas de monstro



cristalino perdido
dentre os dentes da alma
congelado à espera
onde se esconde o fogo

como Prometeu
esperei doar o fogo aos homens
e ao invés de calor
lhes trouxe o frio

porque o ente humano
que caminha na certeza absoluta
se torna um monstro
e faz coisas de monstro
e diz coisas de monstro
e será banido como tal

não espero mais o amor da humanidade
a paz celestial
ou cocanha eterna
troco por uma passagem para a nau dos insensatos

hoje
me contento mais com uma migalha de desejo
uma velhice tranquila
meu neto correndo pela casa
e a luz de uns certos olhos


Edson Bueno de Camargo | a fome insaciável dos olhos

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